O SINDCOP foi anfitrião em mais um encontro entre lideranças do Brasil e Estados Unidos. O SINDCOP questionou o discurso político dos governos durante a pandemia, que retiraram direitos dos servidores alegando a necessidade para que se tivesse governabilidade.
Carlos Vítolo
Imprensa Sindcop
Dois anos após o primeiro encontro, representantes o SINDCOP (Sindicato dos Policiais Penais e Trabalhadores do Sistema Penitenciário Paulista), da ISP (Internacional de Serviços Públicos), da AFT (American Federation of Teachers – Federação Americana de Professores) e do SINPSI-SP (Sindicato dos Psicólogos de São Paulo), se reuniram novamente para discutir o sistema prisional e as lutas por trabalho decente.
O primeiro encontro, em novembro de 2019, foi presencial, porém, desta vez, em virtude da pandemia provocada pelo novo coronavírus, o evento ocorreu em forma de webinário, no final do mês passado. Na primeira edição do encontro, representantes da AFT estiveram no Brasil, onde participaram na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) de um seminário que discutiu as consequências da privatização no sistema prisional.
Entre o primeiro e o segundo encontro, o mundo passou por mudanças em decorrência da pandemia, que também atingiu os policiais penais e trabalhadores do sistema prisional.
No webnário, o presidente do SINDCOP, Gilson Pimentel Barreto, falou sobre as mudanças ocorridas entre os dois encontros. “Algumas coisas mudaram, a chegada da pandemia, a realização das eleições americanas, já que em 2019 eles tinham outro presidente e o sistema penitenciário americano tinha outra realidade. Inclusive, no encontro, diretora da Divisão de Funcionários Públicos da AFT, Chris Runge, enfatizou que o voto é a arma mais importante da luta classista, sindical e dos trabalhadores”, disse.
Para o presidente, “o encontro foi extremamente positivo, pudemos conhecer fatos da realidade atual do movimento sindical no Brasil e no mundo, uma vez que a ISP é uma organização mundial. Foi muito importante o encontro deste ano para que pudéssemos ter noção de todos esses fatos e realidades”.
Barreto disse que Runge destacou que o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vem dando incentivo muito grande ao movimento sindical, reconhecimento e valorização do que essas entidades representam na luta pela construção do social, na assistência dos menos favorecidos em qualquer nação.
O presidente do SINDCOP lembrou ainda, que o vice-presidente nacional da AFT, Wayne Spence, falou sobre a realidade que eles enfrentaram no período da pandemia, inclusive em relação a EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). “Temos a ideia de que naquele país tudo funciona perfeitamente, que a assistência chega aos setores de trabalho, mas na verdade não foi isso que eu pude constatar com a fala do companheiro Spence”, disse. “Ele nos passou que tiveram muitas dificuldades com EPIs, com as próprias autoridades do país dificultando a vacinação, a entrega dos EPIs para a segurança dos trabalhadores, isso no governo de Donald Trump. Somente após as eleições é que os protocolos de segurança com relação à pandemia foram sendo alterados e priorizados”, disse o presidente do SINDCOP.
Barreto também destacou a participação da presidente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo (SINPSI-SP), Fernanda Magano, que falou sobre questões de saúde no sistema prisional, da questão política nacional, em relação aos protocolos adotados pelo governo federal, além de apontar as perdas de direitos e de vidas durante o período de pandemia no sistema prisional.
Sobre a realidade do sistema prisional do Estado de São Paulo, “temos enfrentado a morosidade do atual governo na regulamentação da Polícia Penal, que também debatemos no encontro. Além disso, temos enfrentado os ataques aos direitos dos servidores, inclusive, a pandemia veio para dar sustentação ao discurso político do governo de São e da União, de que as propostas de retirada de direitos, de precarização do serviço público, são necessárias para que se tivesse governabilidade e pudesse assistir os menos favorecidos”, disse o presidente do SINDCOP. No entanto, Barreto disse que, “na verdade, entendemos que não corresponde aos fatos, até porque, os governos não deixaram de arrecadar. Junto a isso, a retirada de direitos e benefícios dos servidores também contribuiu para que o governo faça uma retenção de caixa e que avaliamos que tudo é com proposito politico de se gastar no ano que vem, ano de eleição”, finalizou.