Agosto Lilás traz conscientização sobre violência contra mulher

Inês Ferreira
Este mês a Lei Maria da Penha completou 14 anos. Embora a lei ainda seja “adolescente”, a violência contra a mulher é um fato antigo e um dos grandes desafios do mundo contemporâneo.

Para marcar a data, diversas entidades de militância social estão promovendo o “Agosto Lilás” – um mês para lembrar a importância da Lei Maria da Penha e das ações que coloquem fim à violência, incentivando denúncias contra os agressores de mulheres em situação de risco.

Segundo a psicóloga do SINDCOP, Vânia Pereira de Souza, a campanha não pode passar em branco.
“Infelizmente os agressores estão em todos os lugares. Não podemos deixar de alertar estas mulheres que é preciso uma mudança de atitude para acabar com essa situação. Acreditamos que a conscientização sobre o problema é a única forma de prevenção, o que faz a campanha ser fundamental”, afirma a psicóloga.

Segundo ela, a pandemia do Covid-19 e a necessidade do distanciamento social, como mostram os dados de órgãos de segurança pública, agravou o problema.

“Houve um aumento de mais de 40% nos registros de violência contra mulher, somente no Estado de São Paulo. Isso é preocupante, porque muitas sequer chegam a pedir ajuda”, diz Vania.

Entre as que se recusam a pedir ajudar, muitas podem estar no sistema prisional, onde segundo Vânia, a situação é ainda mais complicada.

“Servidoras que passam por essa situação mantém sigilo absoluto porque tem vergonha dos companheiros de trabalho. Como elas trabalham com segurança, sentem-se ainda pior por não poder garantir a segurança própria ou sair dessa situação”, diz Vânia.

Segundo ela, se calar e aceitar a situação não é o caminho. Ao contrário, o silêncio e a falta de coragem para procurar ajuda pode resultar em tragédia.

“Sabemos que sem ajuda psicológica é muito difícil romper o ciclo da violência. O sindicato garante atendimento para essas servidoras. O mais importante é que elas podem ficar tranquilas, porque aqui o sigilo não é quebrado”, afirma a psicóloga.

Serviços públicos
Segundo a diretora do SINDCOP, Maria Alice Acosta, a violência contra a mulher está presente nas mais diversas profissões, as servidoras públicas não fogem à regra.

“Embora as mulheres vêem conquistando seu espaço no trabalho, dentro do sistema prisional assim como em outros lugares, elas ainda têm um bom caminho a percorrer. Estas mulheres precisam acreditar no seu potencial, estudar, buscar novos conhecimentos, renovar seus sonhos e lutar por eles. Caso alguma servidora passe por essa situação, deve fazer valer seus direitos e não esquecer que podemos ajudá-las”, concluiu Maria Alice Acosta.