Bolsonaro sanciona ajuda aos estados e veta reajuste de servidores

Com o veto de Bolsonaro, o salário dos policiais penais e demais servidores ficará congelado até o dia 31 de dezembro de 2021. “Com o veto do presidente, temos que reconhecer o que disse o senador major Olímpio, que disse que o presidente vem traindo seus compromissos de campanha”, disse o presidente do SINDCOP.

Carlos Vítolo

O presidente Jair Bolsonaro, (sem partido), sancionou ontem à noite o projeto que prevê a ajuda financeira de R$ 60 bilhões a estados e municípios em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

A informação foi anunciada pelo Ministério da Economia no início da madrugada desta quinta-feira (28) e o texto publicado no Diário Oficial da União.

Bolsonaro vetou o dispositivo aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado, que permitia o reajuste salarial dos servidores públicos, entre eles, os policiais penais. O presidente também vetou o trecho que permitia a estados e municípios suspender o pagamento das dívidas com bancos e organismos internacionais.

O presidente atendeu ao conselho sugerido pela equipe econômica. Durante reunião ministerial de 22 de abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a proposta de suspender por dois anos os reajustes salariais de servidores públicos é uma granada colocada pelo governo no bolso do inimigo. “Nós já botamos a granada no bolso do inimigo (servidores públicos), dois anos sem aumento de salário”.

Para o presidente do SINDCOP, Gilson Pimentel Barreto, “com o veto do presidente, temos que reconhecer o que disse o senador major Olímpio, que disse que o presidente vem traindo seus compromissos de campanha e os seus princípios”, pontuou.

Barreto destacou que Bolsonaro “atendeu ao seu ministro da Economia, que em reunião ministerial se referiu aos servidores públicos em geral e aos servidores públicos principalmente da Segurança e da Saúde, que estão à frente do combate à pandemia, como “inimigos” e que já conseguiram colocar em nossos bolsos uma “granada”.

Para o sindicalista “é muito triste constatar a verdade dos fatos: que o presidente e seu ministro da Economia trabalham para enfraquecer o serviço público e os servidores, não reconhecendo seus valores. É uma situação para a categoria analisar friamente se realmente somos reconhecidos por esses governantes”, finalizou o presidente do SINDCOP.

Vale lembrar que, em reportagem publicada pela Folha de São Paulo, o senador major Olímpio chamou Bolsonaro de traidor e contou que o presidente brigou com ele “porque não queria que eu assinasse a CPI da Lava Toga do STF para proteger filho bandido”.

Segundo a reportagem da colunista Mônica Bergamo, as declarações foram dadas em um áudio por meio do Whatsapp. De acordo com a Folha, o senador respondia a críticas de policiais que estariam dizendo que ele mudou de posicionamento. “Não me desviei absolutamente nada dos meus princípios, das minhas convicções ou de tudo o que junto com Jair Bolsonaro nos propusemos na campanha. Quem está se desviando dos princípios é o Jair Bolsonaro”.

Com o veto de Bolsonaro, o reajuste salarial dos servidores, entre eles os policiais penais, ficará congelado até o dia 31 de dezembro de 2021.

“É de extrema importância que esse veto seja mantido por parte do Parlamento. E assim é que nós vamos construir a nossa política: nos entendendo cada vez mais”, disse Bolsonaro durante reunião por videoconferência com os 27 governadores, além dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A reunião ocorreu no último dia 21.