SINDCOP apoiou o evento
Inês Ferreira
Ao som da música Maria, Maria, de Fernando Brant, e a apresentação de um vídeo com imagens de policiais penais de todo o país, foi aberto o 1º Fórum das Mulheres Policias Penais do Brasil. O evento foi realizado no último dia 12 de março, na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e foi prestigiado por senador, deputados, juiz, advogados e mulheres do sistema penal de várias partes do Brasil.
A primeira palestrante do evento foi a diretora do SINDCOP (apoiador do evento) Aline Lara Dias Atanásio. Ela contou sua experiência como servidora do sistema prisional paulista, que teve início quando ela tinha apenas 21 anos de idade.
Aline ressaltou a transformação do perfil das detentas desde 2000 até os dias atuais e as dificuldades que encontrou, como mulher, para desempenhar suas funções.
Em 2002, quando houve a primeira grande rebelião do sistema prisional, Aline estava gravida e sofreu uma ameaça de aborto por causa da pressão que sofreu dentro da unidade prisional.
“Não recebi nenhum apoio do Estado”, disse ela.
Depois de passar pelo médico, Aline retornou ao trabalho sem que o Estado demonstrasse respeito por seu estado de saúde.
Essa e outras experiência foram compartilhadas pelas servidoras do sistema prisional, que somente no Estado de São Paulo somam cerca de 3.500 mulheres.
Segundo Aline, no SINDCOP, as mulheres representam 14% dos filiados e no Estado 7% do quadro de servidoras públicas.
Apesar da importância dessa mão-de-obra, segundo as policiais penais, elas não se sentem valorizadas e recebem salários baixos em relação aos salários pagos aos homens.
Fabiola Castilho, idealizadora do evento, falou em seguida. Ela explicou como surgiu o blog “Guerreiras no Sistema Prisional” e também a ideia de organizar o fórum de mulheres, o primeiro no Brasil.
Passaram pelo evento, diversos políticos. Entre eles, o senador Major Olímpio, os deputados estaduais Eduardo Gianazzi e Mônica Seixas e o deputado federal Coronel Tadeu.
Palestrantes
As palestras foram proferidas por mulheres que ocupam cargos de destaque no sistema prisional e na Segurança Pública, a maioria do Estado de Goiás.
Edileidy Pereira Rodrigues dos Santos, policial penal da Coordenadoria Administrativa da Superintendência de Segurança Penitenciária do Estado de Goiás falou sobre a paixão pela profissão.
“Sou do cadeado. Uma mulher empoderada e capaz de mudar sua realidade…Está é uma oportunidade de manifestar o justo reconhecimento pela nossa luta”, afirmou Edileidy, que encerrou sua participação citando um poema da poetisa goiana Cora Coralina.
Outra palestrante que chamou a atenção dos participantes foi a advogada Adriana Matorelli, que demonstrou profundo conhecimento sobre o sistema penitenciário e Direito Criminal.
O ciclo de palestra foi encerrado por Márcia Póvoa, conselheira e procuradora da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Goiânia e Secretária Geral do Anacrin/GO. Ela deu um show de empoderamento e feminilidade ao ler um texto, escrito por ela, onde relatou seus conflitos e superações como mulher.