
Material de segurança produzido na P1 de Balbinos.
Inês Ferreira
O SINDCOP está fazendo uma checagem em unidades prisionais para saber a real situação de segurança sanitária dos policiais penais. Segundo o presidente do sindicato, Gilson Pimentel Barreto, diante de tantas informações desencontradas e de denúncias que têm sido enviadas para a entidade, o sindicato fará o possível para verificar a veracidade dos fatos.
Na semana passada, representantes do sindicato estiveram em Getulina para dar apoio a um servidor que ficou de refém durante motim e também para se inteirar sobre a segurança sanitária dos servidores.
Na última quarta-feira foram visitadas quatro unidades prisionais localizadas nas cidades de Reginópolis e Balbinos. A visita foi feita pelo diretor de Assuntos Jurídicos do SINDCOP, Carlos Eduardo Piotto, o advogado Isael Tuta Victorino Ferreira e a jornalista Inês Ferreira. Em todas as unidades as equipe foi recebida pelos seus respectivos diretores técnicos.
Cenário
A equipe do SINDCOP encontrou nas entradas de todas as unidades uma vasilha com um pedaço de espuma, embebecida em água sanitária e outro produto desinfectante. Todas as pessoas que entram nas unidades pisam nessa espuma para desinfectar os calçados.
Nas quatro unidades foram encontrados frascos de álcool gel nos balcões de entrada e nas mesas de servidores. Também havia sabonetes em cada uma das pias dos banheiros.
Notou-se que os servidores estão mantendo o distanciamento social. Alguns usavam máscaras e luvas por conta própria.
Em todas as unidades existem detentos cumprindo os 14 dias de isolamento e também é feita a desinfecção das celas, em média, semanalmente. Nessas unidades está suspenso o trânsito de advogados, estagiários e qualquer outra pessoa estranha ao ambiente de trabalho. A circulação é restrita a ASPs e AEVPS.
Também foi apresentada a equipe do sindicato, nas quatro unidades, termômetros eletrônicos que estão sendo usado para detectar febre em servidores e detentos. Na unidade 2 de Balbinos, a equipe do SINDCOP só entrou na unidade depois de ter sua temperatura verificada.
Segundo os diretores das unidades, todos os servidores com sintomas de gripe estão sendo dispensados do trabalho. Eles disseram que até a última quarta-feira não havia sido detectado nenhum sintoma de gripe ou presença de febre, entre os detentos e servidores.
Conforme eles, a população carcerária se mostra consciente dos perigos do coronavírus e tem cooperado com a desinfecção das celas.
Em todas as unidades os aparelhos de autoclave dos consultórios odontológicos têm sido usados para fazer a desinfecção de máscaras reutilizáveis. O servidor pode usar para desinfectar máscaras que usam dentro e fora das unidades.
Raio X das unidades
Reginópolis
P 1
População carcerária: 1.642 presos, sendo 139 sob regime de isolamento de 14 dias.
Servidores: 205 (ASP e AEVPs) sendo que 6 saíram de férias por ter mais de 60 anos e duas mulheres grávidas foram afastadas.
Nessa unidade a diretora Edenir Izabel Ferreira Nogueira, apesar de ter álcool gel em estoque, está em contato com empresa que fabricam o produto efetuando a compra de mais frascos.
Ela também está disponibilizando garrafas com cinco litros de agua sanitária para desinfecção continua de celas.
Os policias penais que fazem a contagem e tem contato com presos são obrigados a usar máscaras.
P 2
População carcerária: 1795 detentos. Todos os detentos que chegaram à unidade antes do decreto que proibiu a transferência de presos cumprem o período de 14 dias de isolamento.
Servidores: 150, sendo que 4 foram afastados por ter mais de 60 anos e 1 por comorbidade.
Segundo o diretor técnico substituto da unidade Alessandro Riguete, foram construídos, emergencialmente, dois tanques lavatórios entre gaiolas para suprir a demanda interna.
Ele disse que a Coordenadoria Noroeste enviou 150 máscaras reutilizáveis e que a unidade tem álcool gel em estoque.
Nessa unidade o diretor conta com o apoio dos integrantes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) para ajudar na prevenção.

Balbinos
P1
População carcerária: 1.353 detentos
Servidores: 201 (ASP e AEVP), sendo 5 servidores afastados (3 por idade e 2 por comorbidade).
Nessa unidade nota-se que prevalece a criatividade e a solidariedade entre servidores. Na entrada do plantão o servidor troca de roupa e ao sair retira a roupa de trabalho e coloca numa sacola para lavar em sua residência.
Além das máscaras e do álcool gel que são disponibilizados pela coordenadoria, o diretor Aerton Alves de Assis junto com outros servidores tem buscado soluções criativas para vencer a pandemia.
A Bracol, empresa que já tem parceria com a unidade, cedeu a máquina para confecção de máscaras reutilizáveis para serem entregues aos servidores. A mão-de-obra é dos presos e os recursos do Estados. As máscaras seguem as recomedações do Ministério da Saúde. Paralelamente, estão sendo fabricadas máscaras de pano por mulheres de servidores.
O diretor tem o apoio de Joseane Gomes, assistente social da unidade e diretora do Centro de Reintegração e Saúde. Juntos com outros servidores eles confeccionaram um novo tipo de máscara, feita com acetato e uma tiara de cabelo. O custo dessa máscara é de R$ 1,00 a unidade e ela parece ser mais segura que as de pano.
A unidade esta estocando material de segurança para casos de emergência. Eles também apontam óculos de acetado e capacetes usados pelo GIR que na emergência podem ser usados para proteger servidores.
Segundo o diretor, as máscaras são usadas somente quando os servidores têm contato com os presos.
P2
População cercearia 1.829 detentos
Servidores: 151 servidores e nenhum afastado.
Segundo o diretor técnico Cleuber Ferreira Mantovani Júnior estão sendo feitas desinfecção de celas a cada dois e a também a medição de temperatura de presos.
Ele disse que usa as máscaras de acordo com o protocolo e que tem álcool e gel e máscara em estoque.
Conforme ele, o comportamento dos detentos dentro das unidades está melhor do que de alguns cidadãos dentro de supermercados.
“Enquanto os mercados estão lotados os presos entenderam a importância do isolamento. Acho que todo mundo entendeu que agora é hora da consciência de cada um”, concluiu.