Em rebelião, 15 pessoas morreram em presídio privado administrado pela Umanizzare

Conflito ocorreu no final da manhã de ontem (domingo, 26) no Compaj

Quinze pessoas morreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus-AM, após detentos iniciarem uma briga, por volta das 11h de ontem (26).

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas confirmou o ocorrido.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o secretário da Administração Penitenciária do Amazonas, Márcio Vinicius Almeida, afirmou que os presos morreram asfixiados ou golpeados com “estoques”, armas brancas artesanais improvisadas, no caso, com escovas de dente.

O motim começou durante o horário de visita dos familiares. Representantes do governo disseram que membros de organizações criminosas teriam entrado em conflito, fato que gerou a rebelião.

Ao G1, o secretário informou que não houve reféns, agentes feridos ou fuga de detentos. Na unidade foi aberta uma investigação sobre os motivos da rebelião. No momento, as visitas estão suspensas.

O Compaj é uma das 6 unidades prisionais administradas pela empresa Umanizzare. O presídio é operado no regime de cogestão entre empresa e estado.

Sob gestão da Umanizzare, o Compaj foi palco da segunda maior matança do sistema carcerário brasileiro, ocorrido no dia 1 de janeiro de 2017. Na ocasião, uma briga de facções resultou em 56 mortos, esquartejados e decapitados.

Em São Paulo, o modelo de cogestão prisional foi anunciado pelo governo como forma de administração do quatro presídios: Gália I e II, Aguaí e Registro.

A proposta faz parte do projeto do governador João Doria (PSDB) de passar o sistema penitenciário paulista à iniciativa privada.

Contratos ilegais

O Tribunal de Justiça do Tocantins reconheceu como “ilegal” o contrato firmado entre o Estado do Tocantins e a empresa Umanizzare, referente à terceirização da gestão da Casa de Prisão Provisória de Palmas e da Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota.

A decisão foi proferida no último dia 8 e decorre de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO).

A principal ilegalidade refere-se à execução, por parte da empresa, de serviço de segurança que é típico e exclusivo da administração pública, não podendo ser delegado a terceiros. Entre outras irregularidades, restou comprovado que funcionários da Umanizzare exerciam atividades típicas de agentes penitenciários, como conduzir viaturas de escolta de presos, realizar revistas nas celas dos presídios e vigiar as unidades prisionais, o que só pode ser realizado por funcionário público com treinamento específico.

A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça também reconheceu o pagamento de preços elevados quando comparados com outras unidades do país; a reiterada prorrogação contratual sem a devida justificativa, de modo a burlar a lei de licitações; além de falhas graves na prestação de serviço pela empresa terceirizada.

Em 2016, o Estado pagava o equivalente a R$ 4.166,49 por preso, valor superior até mesmo ao gasto nas prisões federais de segurança máxima e que correspondia a quase o dobro do valor médio nacional. Conforme apontado no parecer ministerial, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o gasto médio por preso no país, na época, era de R$ 2.400,00.

Com informações do MPTO

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