Reunião juntou magistrados, profissionais da saúde mental e servidores prisionais
Qual é o perfil do Agente de Segurança Penitenciária (ASP)? Buscando entender as particularidades da carreira e ajudar a construir uma identidade ao ASP, magistrados, profissionais da área de saúde mental e servidores prisionais da região oeste estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira (21), no Fórum de Pacaembu.
A ocasião foi a abertura do programa “Valorização do Agente de Segurança Penitenciária”. Projeto piloto organizado de forma independente por juízes e promotores do Tribunal de Justiça de São Paulo e Ministério Público de São Paulo, além de profissionais da saúde mental. Será implementado em quatro unidades prisionais: CPP Pacaembu, Penitenciária Irapuru, Penitenciária de Pacaembu e Penitenciária de Osvaldo Cruz.
O evento contou com a participação do SINDCOP. Representaram a entidade o presidente, Gilson Pimentel Barreto, e os diretores e representantes Carlos Roberto Romacho, Amauri Horne, Ana Paula Campesi, Rodrigo Cavalcante e Carlos Eduardo Piotto.
Um dos objetivos do projeto é criar o Programa de Identidade Profissional (PIP). Trata-se de um instrumento para construção da identidade do agente penitenciário, fortalecendo seu próprio reconhecimento enquanto categoria e valorizando sua visibilidade perante a sociedade.
“O projeto tem o intuito de resgatar a individualidade do agente e fazer com que ele seja reconhecido perante a sociedade”, explica Michelle Salione, médica psiquiatra e uma das organizadoras do programa. Segundo ela, o foco é fazer com que o ASP se reconheça no seu ambiente de trabalho, para poder proporcionar melhor qualidade de vida. “Sabemos que é uma profissão que infelizmente não é reconhecida”, avalia.

Os palestrantes na reunião convergiram para um ponto em comum: o de que é de suma importância o trabalho do agente penitenciário no contato com os presos. Se a execução penal funcionar com seu principal objetivo, gera benefícios para a sociedade. Este é o foco do projeto: inserir a importância do trabalho do ASP na ressocialização do preso.
Os temas de saúde mental e doenças no trabalho também foram abordados. De acordo com Michelle Salione, estudos demonstram que o desequilíbrio na saúde mental traz consequências na qualidade dos serviços prestados. No caso do ASP, o reduzido sentimento de realização pessoal no trabalho se dá pela falta de visibilidade e valorização.
Tais quadros, aliados a outros problemas como o abuso no consumo de álcool e drogas, podem gerar situações de exaustão emocional, depressão e até o suicídio.
Com o fortalecimento da identidade profissional do ASP e a sua consequente valorização na sociedade, é possível melhorar a qualidade de vida dos profissionais do cárcere.
“O programa é para que o ASP volte a ter auto estima, que tenha o entendimento completo do porquê ele está ali e para que não sucumba às pressões a que está sujeito de todos os lados”, finaliza Salione.