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SINDCOP garantiu o transporte de servidores de São Paulo até a capital federal, para protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária
SINDCOP esteve na linha de frente dos protestos, junto com demais servidores penitenciários do país. Foto: Lucas Mendes.
Inês Ferreira e Lucas Mendes
Brasília viveu um cenário de guerra. Em uma das maiores manifestações já realizadas na capital federal, servidores penitenciários fizeram a diferença numa marcha que reuniu cerca de 200 mil trabalhadores. O SINDCOP levou para a manifestação 200 servidores, os quais fizeram parte da linha de frente que enfrentou a barreira policial que impedia a entrada de trabalhadores no Congresso Nacional.
Trabalhadores unidos protestaram na última quarta-feira, 24, contra as reformas Trabalhista e da Previdência Social e o governo Michel Temer (PMDB).
Convocado pelas Centrais Sindicais e por movimentos sociais, o Ato Unificado ocupou Brasília em toda a extensão do eixo monumental – desde o estádio Mané Garrincha, onde houve a concentração na parte da manhã, passando pela extensão da Esplanada dos Ministérios, a partir do meio dia.
Segundo as centrais que organizaram o movimento, entre 150 e 200 mil pessoas estiveram na cidade protestando. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) estimou 45 mil manifestantes.
Agentes Penitenciários
Agentes Penitenciários de São Paulo estiveram presentes no ato desde o início. O SINDCOP garantiu a ida de 5 ônibus saindo de Bauru, Presidente Prudente e Guarulhos. Ao todo foram 200 servidores que viajaram até Brasília.
Com faixas defendendo a aposentadoria especial da categoria e palavras de ordem pedindo a saída de Michel Temer e contra as reformas, os servidores penitenciários perfilaram-se unidos durante toda a marcha até o Congresso Nacional.
Unidos e articulados a formação chegou a tomar forma de um paredão humano, com agentes de outros estados do país, que entoaram juntos os gritos de “Polícia Penal”.
Durante a marcha os caminhões de som das centrais fizeram a animação dos trabalhadores, até a chegada à Alameda das Bandeiras – rua que fica em frente ao Congresso Nacional. No local havia uma barreira policial já montada para conter os manifestantes. Nesse momento, representantes de centrais convocaram os servidores penitenciários para ocupar lugar na frente da marcha e resistir a barreira policial.
Repressão
Ao chegar próximo a barreira, outros manifestantes se juntaram aos servidores penitenciários e tentaram furar a barreira policial, em respostas os policiais usaram spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. À medida que mais trabalhadores foram chegando à barreira, a polícia tentava “ganhar terreno”, avançando no gramado onde se aglutinavam os participantes do ato.
A partir daí gramado virou uma praça de guerra, de um lado os policias atirando com balas de borracha e usando bombas, do outro milhares de trabalhadores protestando e tentando ganhar espaço.
Tumulto e quebra-quebra
Com o aumento da repressão policial, grupos autônomos começaram a atacar os prédios dos ministérios. Os mais próximos ao Congresso foram os mais atingidos, com vidraças quebradas e alguns móveis retirados, que foram usados para fogueiras e barricadas ao longo da rua. Banheiros químicos também serviram de combustível para o fogo. O Ministério da Agricultura chegou a ter focos de incêndio no térreo.
Já no final da tarde a policia recebeu o apoio da Força Nacional de Segurança, para proteger o patrimônio público e para dispersar os manifestantes. Um grupo de policiais que estava próximo ao Ministério da Agricultura se utilizou de armas de fogo em direção aos manifestantes. O governo do Distrito Federal confirmou o uso das armas letais por dois policiais militares e anunciou a abertura de um inquérito para investigar o fato. Uma manifestante ficou gravemente ferida por um tiro disparado por policiais.
O protesto terminou com vários feridos e muita destruição dos prédios públicos. Aos poucos os trabalhadores foram dispersados pela polícia que chegou a usar dois helicópteros para sobrevoar acima da cabeça dos manifestantes.
De volta para o Estádio Mané Garrincha os trabalhadores demonstravam cansaço, alguns tinham pequenos ferimentos mas todos aparentavam satisfação de terem participado de um momento considerado histórico .
Decreto
Por volta das 18 horas, veio a informação de que o presidente Temer convocou as Forças Armadas para Garantia da Lei e da Ordem até o dia 31 de maio, na região da Esplanada dos Ministérios.
A decisão, criticada por congressistas, juristas e até pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, foi revogada pelo presidente na manhã desta quinta. A decisão foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União.
Já passava das 18h quando os agentes penitenciários puderam se reunir e retornar aos ônibus.
Repercussão
A manifestação e a participação do SINDCOP teve repercussão nacional. Vários meios de comunicação publicaram fotos dos agentes penitenciários do SINDCOP durante o protesto.