Se fosse analisar a profissão dos ASPs (Agente de Segurança Penitenciária) pela ótica do governo do Estado, começaria este artigo afirmando que hoje, Dia do ASP, não temos nada a comemorar e que não passamos de números, invisíveis, lembrados pelo governo somente nos momentos de rebeliões.
Mas, essa é apenas a ótica do governo – uma visão míope que não merece crédito. Apesar da desvalorização do nosso “patrão”, temos aprendido que somos importantes e que essa indiferença é apenas mais uma tática para, quem sabe, desarticular qualquer ação que vá contra a política de precarização da nossa profissão.
Se a sociedade dorme tranquila, apesar de ter como vizinhos milhares de detentos aglomerados dentro de unidades prisionais prestes a explodir, é porque ASPs estão sempre bem acordados. É porque ASPs, corajosamente estão fazendo a guarda atrás das grades, passando parte de suas vidas encarcerados sem terem cometidos nenhum crime.
ASPs são homens e mulheres que optaram por uma profissão que somente neste país não é valorizada.
Entra ano e sai ano e a nossa rotina é a mesma – horas de contato direto com seres humanos separados da sociedade por causa dos mais variados crimes, convivendo com cenas hediondas, dantescas e sem presenciar nenhum sinal de que alguma coisa está mudando para melhor.
Convivemos quase que diariamente com a frustração de pertencer a um sistema que não cumpre sua função. Mesmo assim, fazemos nossa parte.
Lutamos diariamente para não perder o humanismo e não desistir de acreditar no valor de seres humanos. Não é fácil.
Somos muito importantes para a sociedade e isso não é só o Adriano, o Carcereiro da Globo que é capaz de mostrar.
Essa importância tem despontando, nos últimos anos, e aos poucos desenhado a identidade da nossa categoria.
Se o governo nos ignora, o mesmo não tem ocorrido nos espaços de luta, nos eventos e mobilizações pelo país afora.
Os ASPs do Estado de São Paulo se tornaram referência de luta contra os desmandos dos governos, da Justiça.
Somos conhecidos em todo o país por ter ocupado a sala da comissão especial que queria empurrar a Reforma da Previdência goela abaixo dos trabalhadores brasileiro.
Somos conhecidos pela luta a favor da Polícia Penal e também pela coragem de ocupar a linha de frente numa das maiores mobilizações de trabalhadores do país.
Temos uma identidade profissional conhecida em todo o Brasil. Por isso, hoje, não vamos valorizar o desdém do Estado. Vamos erguer nossas cabeças, encher o peito e comemorar nosso dia. Nós merecemos!
Gilson Pimentel Barreto, presidente do SINDCOP.