Na Câmara, oposição pede a saída de Temer; deputado defende as reformas

Partidos argumentam que gravação mostra tentativa de obstr

Partidos argumentam que gravação mostra tentativa de obstrução da Justiça

Continuidade de votação das reformas fica incerto no Congresso Nacional. Foto: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

A oposição em peso ocupou a sessão de debates desta quinta-feira (18) à tarde, realizada no Plenário, para pedir a renúncia do presidente Michel Temer e eleições diretas imediatas para presidente da República. A linha defesa do presidente Michel Temer coube ao deputado Carlos Marun (PMDB-RS), que destacou a agenda de reformas econômicas do governo.

Os oposicionistas defenderam a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 227/16, que permite a eleição direta para presidente da República na hipótese de saída de Temer. O texto foi apresentado pelo deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) e está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. A oposição tentará aprovar a admissibilidade da proposta na reunião de terça-feira (23).

O argumento dos oposicionistas é que, hoje, o Congresso Nacional não tem credibilidade junto à população para eleger indiretamente o presidente da República, como determina a Constituição, caso Temer deixe o cargo. “Temos condição de votar a PEC rapidamente”, disse Paulo Teixeira (PT-SP).

Sem governabilidade

No Plenário, o autor da PEC disse que as acusações contra o presidente são graves e ele não possui mais condições de governar o País. “O melhor que ele faria, para o bem do Brasil, para o bem dele, da família dele, seria protestar pela própria inocência, mas renunciar ao mandato”, afirmou Miro Teixeira.

O mesmo disse o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “A situação ficou insustentável. É um processo [a renúncia] inevitável”, afirmou. O parlamentar declarou ainda que não estava “comemorando” as denúncias contra Temer. “Não se trata de uma questão pessoal. Se trata de uma questão institucional”, afirmou Chinaglia.

O terceiro secretário da Mesa Diretora da Câmara, deputado JHC (PSB-AL), também disse que, após as denúncias veiculadas pela mídia, Temer não tem mais como “conduzir a nação”. Já o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que o País “caiu em um precipício”. Para ele, caso as denúncias contra o presidente sejam confirmadas, Temer deve renunciar.

Apesar de pertencer a um partido da base aliada ao governo, o deputado Rocha (PSDB-AC) afirmou no Plenário que assinou um dos pedidos de impeachment. Rocha reconheceu que as denúncias são graves. “Acho que o povo merece explicações, merece saber o que de fato aconteceu.” O deputado está colhendo assinaturas para apresentar uma PEC estabelecendo eleições gerais no País, e não apenas para presidente da República, caso Temer deixe o cargo.

A deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP) afirmou que, renunciando ou não, o governo Temer é marcado pelo retrocesso de direitos trabalhistas e sociais. “As reformas que foram propostas, todas elas, retiram direitos das pessoas mais pobres desse País.”

Defesa do governo

No discurso mais demorado do Plenário, Carlos Marun elogiou as ações do governo para retomar o crescimento econômico, principalmente a “modernização trabalhista e a reforma da Previdência”. O parlamentar presidiu a comissão especial que aprovou a reforma, no último dia 9.

“A simples coragem e disposição do governo de propor essas medidas fez com que no horizonte começasse a resplandecer uma luz de esperança. Todos os índices analisados começaram a mostrar a recuperação da economia”, disse Marun. O deputado fez referência a indicadores como queda da inflação e da taxa de juros, e retomada do nível de emprego, e lamentou que as denúncias possam paralisar as reformas.

“Acredito que íamos e seguíamos pelo bom caminho e penso que o Brasil precisa ver concluído o corajoso mandato do presidente Michel Temer”, concluiu. Marun criticou ainda as revelações “a conta-gotas” das delações premiadas e disse que é necessário ouvir os áudios que teriam sido gravados antes de fazer qualquer juízo.

Falando sobre as votações da Câmara, o deputado Franklin (PP-MG) disse que o Congresso não pode usar a crise política para paralisar os trabalhos. “Nós não precisamos paralisar o País para investigar o presidente. A polícia faz isso, o Ministério Público faz isso.”

Vice-líder do PMDB, partido de Temer, Mauro Pereira (RS) também afirmou que o País não pode parar diante da crise. Ele pediu aos Judiciário que aja o mais rápido possível para estancar os efeitos da crise política sobre a economia. “Precisamos dar tranquilidade para o povo brasileiro, para que a economia não seja mais abalada.”

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