Em congresso da Nova Central Sindical, debates exaltam a uni
Em congresso da Nova Central Sindical, debates exaltam a união da classe e a organização para barrar o desmonte do Estado

Trabalhadores reunidos em grupos temáticos de discussão durante o congresso da Nova Central. Foto: Lucas Mendes/SINDCOP.
Por Lucas Mendes
“O capitalismo financeiro escolheu a dívida como veículo do rombo”, bradou Maria Lúcia Fattorelli durante sua palestra no 4º Congresso Nacional da Nova Central Sindical, no final de junho, em Luziânia, Goiás. Ela é auditora aposentada da Receita Federal e presidente da Auditoria Cidadã da Dívida, associação que estuda os mecanismos financeiros da dívida pública brasileira e pede sua auditoria.
Num momento de propostas que mudam a estrutura e organização do país, como a lei autorizando a terceirização irrestrita, os projetos de reformas trabalhista e previdenciária e a aceleração das privatizações, o governo federal vem utilizando argumentos considerados mentirosos para defender tais mudanças.
Essa é a posição do movimento pela Auditoria da Dívida. Na visão da entidade, a verdadeira razão das reformas é retirar direitos da população e desmontar os serviços públicos, para que sobrem recursos a serem gastos na dívida pública – montante que nunca foi auditado, como manda a Constituição Federal.

Eduardo Blasques, diretor do SINDCOP, Maria Lúcia Fattorelli, da Auditoria da Dívida, e Gilson Barreto, presidente do SINDCOP. Foto: Lucas Mendes/SINDCOP.
A auditoria visa analisar o que realmente deve ser pago pelo governo, podendo liberar recursos para gastos sociais.
Nesse sentido, a aprovação acelerada das reformas, sem o devido debate com a sociedade, tem ligação direta com o sistema da dívida brasileira. “Isso é proposital”, afirma Fattorelli. “Se aprofundarmos o debate, todo mundo vai perceber que não há justificativa para essas reformas”, completa.
Segundo seu entendimento, a reforma da previdência está “agarrada” na falácia do déficit, que não existe. “Há uma confusão de considerar somente a contribuição do INSS no cálculo da seguridade social. O governo fabrica o déficit”, explica.
Participação política
São os espaços formais de participação política, como a Câmara e o Senado, que se decide a aprovação ou rejeição das reformas. Nessa linha, as cadeiras de representação no Congresso Nacional devem contar com diferentes setores da sociedade, para que sejam ouvidos e defendidos de forma equilibrada.
“Todas as políticas públicas passam por ambientes como a Câmara dos Deputados e o Senado. Ter parlamentares ligado à sua causa e à sua bandeira é extremamente importante para levar adianta determinadas pautas”, afirma André Santos, assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – Diap.
Também presente no congresso da Nova Central, ele considera que a redução de deputados da classe trabalhadora acaba empacando seu poder de atuação e isso se reflete na dificuldade de encaminhar os interesses dos trabalhadores.
“Nós tivemos uma redução muito grande no que se chama de “bancada sindical”, e essa redução freou a intervenção que nós teríamos na construção de políticas públicas, mesmo num governo que não tenha nenhum diálogo com o movimento, como o atual”, pontuou.
Essa dificuldade também se deve à despolitização da sociedade. Segundo Santos, se as pessoas não participarem da política com uma intervenção mais direta, fica “extremamente frágil” a possibilidade futura de construir políticas públicas voltadas para a sociedade. “Se você não lembra em quem votou, como que vai cobrar alguma coisa do seu representante?”, indaga.