SINDCOP deu visibilidade a luta dos servidores na Paulista
Inês Ferreira
Servidores penitenciários do Estado de São Paulo foram representados por filiados e diretores do SINDCOP, na Avenida Paulista, no último dia 15 de março, no protesto contra as reformas da Previdência e Trabalhista.
Em meio a cerca de 200 mil trabalhadores que ocuparam a avenida, os diretores engrossaram o coro dos descontentes e deram seu recado gritando “não” a redução de direitos, as reformas propostas pelo governo federal e pedindo a saída de Michel Temer.
O cansaço da viagem não tirou o vigor dos representantes do SINDCOP, que liderados pelo presidente Gilson Pimentel Barreto, ficaram mais de 7 horas, em pé, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), manifestando o repúdio contra projetos que têm o objetivo de tirar direitos dos trabalhadores.
A insatisfação dos participantes contra o governo era comum a todos os manifestantes. Várias vezes ecoou pela avenida o grito da frase – “Fora Temer”.
A força dos manifestantes era tamanha, que não dava para ficar indiferente e não reagir ao gritos de guerra. De punhos cerrados os trabalhadores pediram a saída do presidente da República e eleições “Diretas Já”.
Um mar vermelho tomou conta da Paulista, formado pelas bandeiras de centrais e movimentos sociais de esquerda, já que outras centrais (Força Sindical e UGT), que poderiam mudar o tom da manifestação, se recusaram a participar do evento.
A informação nos bastidores era de que essas centrais pediram para seus filiados não comparecerem ao evento, quando souberam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria o direito a palavra, no palanque montado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Entre balões, banners e bandeiras estavam as faixas do SINDCOP, que em nome da categoria protestaram em meio a multidão. De camisas azuis, os servidores contrastaram com o vermelho que tomava conta da avenida.
“Não estamos aqui representando nenhum partido político ou ideologia partidária. Estamos aqui representando os servidores que não puderam deixar seus postos de trabalho para lutar pelos seus direitos”, disse o presidente da entidade.
Por volta das 18 horas teve início um show que embalou a multidão com antigas músicas -hinos de luta política, como “Prá não dizer que não falei das flores”, “Que país é esse” e “Admirável gado novo”.
Depois, vieram os discursos dos presidentes de centrais sindicais e de líderes de movimentos sociais. Todos com discursos afinados contra as medidas do governo.
O ápice da emoção dos participantes foi quando deram a palavra para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desenterraram o “olé, olé, olá, Lula, Lula”.
Enquanto a multidão aclamava Lula, o vereador Eduardo Suplicy passeava entre as pessoas, em meio ao povo, tentando chegar ao caminhão palco.
A multidão ouviu um breve discurso acalorado de Lula. Foram cerca de 10 minutos de duras críticas a Temer, cujos pontos principais Lula pareceu ter escrito numa pequena folha de papel que segurou em uma das mãos.
De camisa preta, de luto pela dona Marisa, ele começou afirmando que “o golpe não foi contra a Dilma e não foi apenas contra os partidos de esquerda. Foi um golpe contra as conquistas da classe trabalhadora através das reformas trabalhista e da Previdência Social”.
Lula prosseguiu com sua fala bem articulada, apunhalando Temer e explicando o quanto as reformas pretendidas pelo governo irão afetar os direitos dos trabalhadores.
“Eles querem enfiar uma reforma que vai proibir milhões e milhões de brasileiros consigam se aposentar”.
No final, concluiu o discurso conclamando os trabalhadores a continuar lutando.
“A única forma de mudar esta situação é com povo na rua, utilizando seus instrumentos de luta. É só desta forma que teremos um presidente legítimo”, terminou.
Depois de Lula, falou o vereador Suplicy que encerrou o evento sem cerimônias. O povo se dispersou. Não houve incidentes violentos, apenas um susto da Polícia Militar quando uma bateria de fogos de artificio foram soltos no prédio da Fiesp. (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), bem no lugar, onde ficava o pato amarelo.