MOTIM CPP3

Ofícios foram encaminhados ontem.

O SINDCOP encaminhou ofícios para o Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, o corregedor Administrativo do Sistema Penitenciário, o Secretário da Administração Penitenciária e para o coordenador de Unidades Prisionais da Região Noroeste pedindo providência a respeito de denúncias que apontam os supostos verdadeiros motivos do motim do CPP 3, antigo IPA. Os ofícios foram encaminhados, ontem, com cópia das denúncias recebidas pelo sindicato.

Segundo o presidente do SINDCOP, Gilson Pimentel Barreto as denúncias foram encaminhas a entidade, por meio de um texto anônimo, um dia após o motim. O texto afirma que existiam diversas irregularidades no interior da unidade, as quais podem ser apontadas como os motivos para a eclosão do motim. 

O texto inicia descrevendo que o descontentamento dos presos com uma simples apreensão de aparelho celular não é motivo suficiente para tamanha revolta, “já que é a cara do ladrão burlar a vigilância e a nossa pegá-los sem maiores consequências, como acontece diariamente em todas as unidades prisionais do Estado de São Paulo, em especial aqueles do regime semiaberto como o IPA, onde os riscos são maiores”.

Má administração

O denunciante justifica que é de conhecimento dos agentes que o PCC não tem interesse em tumultuar as unidades prisionais do regime semiaberto, já que seus ocupantes estão prestes a ganhar a liberdade. “No caso da rebelião, no IPA, este ciclo natural foi interrompido não só por conta da simples apreensão de um aparelho celular e sim pela má administração da direção da casa”, diz a denúncia.

Irregularidades

Na sequência são apontadas várias irregularidades que eram cometidas dentro da unidade. A primeira, a superlotação que atingia patamares superiores a 100% da  capacidade do CPP 3  e a consequente degradação da estrutura da unidade, agravadas pela total falta de manutenção hidráulica (água e esgoto), elétrica (iluminação, fiação expostos) e estrutural (telhas, pisos e janelas).

O texto também denuncia a precariedade da alimentação dos presos, que “era inadequada, com racionamento de leite, pão, legumes e misturas, chegando ao ápice de oferta de alimentos impróprios para o consumo”.

Infestação de insetos

O denunciante também afirma que, em razão dos problemas estruturais agentes que trabalham no convívio (alojamentos) e os próprios presos, sofrem com problemas de infestação de insetos como percevejos, baratas, traças, carrapatos, etc.

Além dos problemas com insetos, o texto afirma que, os  presos e os agentes do convívio sofrem com a infestação de aves como pombos, pardais e até urubus que defecam no interior desses locais. 

“Os problemas com a aves  é tão grave, que não atinge apenas o convívio do preso, mas também o setor de cozinhas, o que por si só já causa enorme tensão na população da unidade, que também conta com a presença de ratos no almoxarifado” , descreve o denunciante.

Água

Outra irregularidade apontada na unidade é com relação ao abastecimento de água.  “A água que abastece a unidade para o consumo é armazenada em caixas antigas, sem qualquer proteção (tampas), sem filtros geram doenças e inúmeros casos de diarreia, agravados pela falta de medicamentos e médicos”, afirma.

Segundo a denuncia, todos esses problemas não são observados em outros locais da unidade, como as casas utilizadas pelos diretores do IPA e do CDP, prédio administrativo, portaria, jardins, pomares, campos, pesqueiros e estande de tiros particulares.

“Estes locais, que recebem a manutenção por meio de mão de obras de presos e agentes é impecável, situação que causa descontentamento e revolta, tanto na população recolhida como nos agentes responsáveis diretos pela segurança e disciplina nos locais com manutenção precária. Desta forma a desastrosa recolha do preso flagrado utilizando aparelho celular, por agentes infiltrados na população pelo Diretor de Segurança e Disciplina Marcos, foi apenas o estopim para o evento”, diz o texto.

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