MOTIM CPP3

Motim começo por volta das 8h e foi rapidamente controlado

 Ficou totalmente destruído o prédio do CPP 3 de Bauru (Centro de Progressão Penitenciária), conhecido como o antigo IPA. O prédio, construído em 1940, não resistiu ao incêndio provocado pelos detentos, durante um motim que teve início por volta das 8h, de hoje. Nenhum servidor penitenciário ficou de refém, três tiveram ferimentos leves.

“Já estamos agendando uma reunião com os servidores que trabalham no local, para discutir como ficará a situação desses servidores, já que o CPP3 não vai funcionar na sua totalidade”, disse o presidente do SINDCOP, Gilson Pimentel Barreto.

Segundo Gilson a ação dos servidores foi rápida e eficaz, o que evitou mortes, ferimentos graves e evasão em massa. 

“O motim foi controlado rapidamente, graças a eficiência dos servidores que solicitaram a ajuda da Polícia Miliar e do GIR (Grupo de Intervenção Rápida).

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

Diante da crise do sistema penitenciário e dos acontecimentos no Norte do país, o motim chamou a atenção da mídia nacional e internacional. O Jornal espanhol El Pais entrou em contato com o SINDCOP para fazer matéria sobre o fato.

Diretores do SINDCOP que ficaram no interior do CPP 3, até o motim ser controlado, fizeram duras críticas ao governo de Estado. Este ano o governador Geraldo Alkmin reduziu 21,7% dos recursos destinados a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária).

“Temos alertado que cenas como a desse motim serão comuns no sistema penitenciário paulista. Desde o motim de Jardinópolis temos alertado o governo de que a situação do sistema prisional paulista chegou ao limite, mas nada tem sido feito para conter a situação”, disse o presidente.

CAUSA DO MOTIM

Segundo servidores que trabalhavam no local no momento do motim, tudo começo quando um servidor surpreendeu um detento usando um aparelho de celular dentro da unidade prisional. O servidor solicitou o celular ao detento, o qual se recusou a entregar o aparelho, iniciando um conflito. Em seguida os detentos queimaram o interior da unidade e muitos evadiram do local. 

Segundo motim em três meses

Esta é a segunda grande evasão de detentos que ocorre no Estado de São Paulo. A primeira ocorreu em Jardinópolis, em 29 de setembro. As evasões são facilitadas por causa da hiperlotação de detentos e as péssimas condições das unidades que abrigam duas vezes o número de presos, acima da sua capacidade.

No CPP 3, por exemplo, a capacidade era de 742 detentos do regime semi aberto. No entanto, a SAP mascarou a capacidade depois de uma reforma no interior do CPP 3, que ampliou o número de vagas para 1.124. A reforma não aumentou o espaço físico e nem os serviços oferecidos pela unidade.

Hoje o CPP 3 tinha 1.412 detentos. No momento do motim 273 estavam trabalhando fora da unidade. Desse total, 142 evadiram, mais de 100 foram recapturados até por volta das 16h. Na última contagem havia 997 presos, sendo que cerca de 40 ainda estavam evadidos.

PRÉDIO HISTÓRICO

O prédio do CPP 3 é considerado um patrimônio arquitetônico. O prédio foi construído para ser uma escola agrícola na década de 40. Em 1955, um decreto do governador Jânio Quadros transferiu o prédio da antiga escola para a Secretaria da Justiça e Negócios do Interior abrindo espaço para a criação da primeira unidade prisional de Bauru – O IPA Instituto Penal Agrícola. Em 2008 o IPA foi transformado em CPP 3.

O CPP 3 abrigou presos políticos na década de 60 e presos famosos como Law Kim Chong, Osmani Ramos, entre outros. O ator Edson Celulari morou no IPA. Além de dtentos o prédio abriga 900 cabeças de gado.

Em 2013 o SINDCOP liderou uma mobilização contra o fechamento do IPA. Políticos queriam transformar o IPA numa escola da Polícia Militar e lotear o restante da área. Graças à intervenção do sindicato o projeto foi descartado. O sindicato teme que a destruição do prédio seja usada para fazer ressurgir o antigo projeto.

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