Alckmin encontra oposição em 17 entidades que representam
A imagem do governador Geraldo Alckmin entre os servidores da Segurança Pública está cada dia mais abalada e coloca em risco o seu futuro político. Nos últimos meses, Alckmin teve de engolir os protestos e a insatisfação de servidores e até críticas de antigos aliados políticos, como o ex-secretário da SAP (Secretaria da Administração Penitenciaria) Antonio Ferreira Pinto, que declarou que o governador usou a ameaça de um facção criminosa para se projetar na mídia e colher dividendos políticos.
A exploração das ameaças de uma facção criminosa que atua dentro e fora das unidades prisionais, supostamente criada com o apoio do PSDB, repercutiu de maneira negativa para Alckmin. O seu ex-secretário, que já foi homem de confiança do governador, afirmou na mídia que a denúncia não tinha qualquer consistência.
“Alckmin está aproveitando para colher dividendos políticos com a ameaça do PCC”, disse Ferreira Pinto.
Segundo o ex-secretário, os áudios divulgados pela mídia com as ameaças ao governador eram de conhecimento da cúpula da polícia desde 2011 e não foram consideradas importantes.
“Esse fato não tinha credibilidade nenhuma. A informação é importante desde que você analise e veja se ela tem ou não consistência. As gravações não tinham. Tanto que o promotor passou ao largo delas”, afirmou a um jornal.
Para Ferreira Pinto, o caso foi politizado. “Lamentável. [O governador] deve ter as suas razões. Eu acho que é mais pelo viés político. Porque na hora que diz ‘Não vou me intimidar’, ele está também dando um ‘upgrade’ para a facção. Está admitindo que há credibilidade numa conversa isolada”.
As declarações de Alckmin não colaram e muitos usaram suas afirmações para contra atacar o governo. Foi o que fez a socióloga Camila Nunes, autora do livro “PCC – Hegemonia nas prisões e monopólio da violência”, numa entrevista concedida a Revista Fórum.
Segundo ela, as ações dos governos tucanos nunca foram obstáculos ao crescimento desta facção criminosa e criticou o “estardalhaço” da imprensa sobre as ameaças de “decretar” a morte de Alckmin.
“Qual o interesse de transformar o PCC nisso tudo agora? A quais interesses atendem essas revelações?”, questionou a autora do livro que mostra a ligação perigosa do PSDB com a facção criminosa.
A autora ainda afirma que: “Vale a lembrança de que o governador está com a popularidade em queda. Essa denúncia de que o PCC planejava matá-lo… Achei isso absurdo e sem sentido. De um lado, é óbvio que, se tratando de uma organização criminosa, ela vai ter alvos, entre eles autoridades, e o governador é a autoridade máxima em São Paulo. Mas não foi revelado nenhum plano estratégico, nenhuma articulação ou distribuição de tarefas que justifiquem esse temor. Foi uma conversa dos criminosos, obviamente, há uma edição da conversa, não sei qual o conteúdo completo. Não há razão nenhuma para esse estardalhaço, me parece uma daquelas estratégias políticas para que o governador aumente a sua popularidade e saia como herói de algo”, concluiu.
O queda de popularidade do governador, a qual se refere a autora, esta diretamente ligada as manifestações de policiais por aumento salarial que tumultuaram a Assembleia Legislativa de São Paulo na semana passada. A categoria representa cerca de 200 mil pessoas. As 17 entidades que representam a categoria consideram Alckmin como inimigo.
Após as declarações de Alckmin sobre as ameaças da facção foi publicada uma pesquisa feita pelo PSDB que registrou um aumento da popularidade de Alckmin. Porém, apesar da pesquisa, a realidade sobre a popularidade do governador parecer ser outra. Ele tem recebido duras criticas de todos os escalões e partidos, até mesmo do próprio PSDB.
Nem mesmo os projetos de lei que aumentaram em 25,7% os salários de delegados, escrivães e investigadores da Polícia Civil e o aumento do teto do seguro passou para R$ 200 mil melhoraram o relacionamento de Alckmin com a segurança pública. A galeria lotada da Alesp na semana passada é prova disso.