A facção criminosa Cerol Fino, formada há cerca de dois a
A facção criminosa Cerol Fino, formada há cerca de dois anos nas prisões paulistas, é suspeita de assassinar, de modo cruel, dois rivais na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau: além de sofrer estrangulamento, os detentos tiveram a região do abdome cortada à navalha e as vísceras arrancadas. Os dois casos ocorreram neste mês. A primeira morte aconteceu no dia 2. A vítima foi o detento Francinilzo Araújo de Souza. Ele foi encontrado dentro da cela 124. O segundo assassinato ocorreu no último domingo (15). Cauê de Almeida foi achado na cela 145. Agentes penitenciários afirmaram que, desde sua criação, ao menos outros 11 homicídios foram cometidos pela facção em unidades prisionais do Estado. O nome do grupo é uma alusão às linhas de pipa que possuem caco de vidro. Usadas em disputas, cortam como navalha.
Presídio próprio
Uma comunicação entre integrantes da facção, que foi interceptada recentemente, dá conta de que o grupo criminoso quer um presídio inteiro só para seus membros. Caso não consiga o objetivo, a facção ameaça fazer funcionários de unidades prisionais reféns. Ao menos 1.000 detentos já fariam parte da Cerol Fino. O líder é conhecido pelo apelido de “Lúcifer”.
Suspeitos
Em nota, a SAP (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária) afirmou que “na madrugada do último dia 15, por volta de 1h15, um agente de segurança da penitenciária que fazia ronda de rotina notou que um preso estava caído no chão da cela”.
“Havia apenas mais um preso no local e este, quando indagado, assumiu ter cometido o homicídio”, prossegue o texto do órgão. “De imediato foi acionada a Polícia Civil e a perícia técnica. No local, o delegado de polícia tomou o primeiro depoimento do preso, sendo que o conteúdo encontra-se registrado no boletim de ocorrência policial.”
A pasta não se manifestou sobre as outras mortes atribuídas à facção.
Dois inquéritos foram abertos pela Polícia Civil para apurar os casos, classificados como “homicídio” e “vilipêndio de cadáver”.
O nome do companheiro de cela de Almeida, que teria cometido o crime, é mantido em segredo pelas autoridades. No caso de Souza, os investigadores também suspeitam do detento que dividia a cela com a vítima. Trata-se de M. R. A., que já responde por outros dois homicídios.
Um por cela
Após os assassinatos em Presidente Venceslau, que aconteceram no raio (ala) 1 da penitenciária, a direção da unidade deixou apenas um preso por cela no setor.
Com capacidade para 781 detentos, o presídio abriga atualmente 839 detentos, de acordo com dados oficiais da SAP atualizados na quarta-feira (18). Até a última semana, o local abrigava 967 encarcerados. A penitenciária é considerada um “barril de pólvora” por comportar detentos de diversas facções em diferentes raios. Além da Cerol Fino, integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), do CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade) e da carioca ADA (Amigos dos Amigos) estão detidos no presídio.
Chegada da facção
Em novembro de 2013, ao menos um integrante da Cerol Fino foi transferido para Presidente Venceslau após cometer, na Penitenciária de Andradina, um assassinato nos mesmos moldes dos atuais.
Na época, a vítima da facção foi Anderson de Castro Moraes Borges. Em setembro passado, o detento M. S. C., que admitiu pertencer à Cerol Fino, foi condenado a 32 anos de reclusão pelo homicídio.
O juiz Douglas Borges da Silva escreveu na sentença: “Não hesitou em praticar o grave delito, com crueldade e frieza, em plena unidade prisional, numa clara afronta às instituições constituídas e aos valores éticos e morais do cidadão comum, demonstração de que não receava por ação das autoridades públicas, fator indicativo de personalidade deformada, voltada à prática delitiva, o que recomenda sua mantença em cárcere para a garantia da ordem pública.”
As informações são do portal de notícias G1