SUPERLOTAÇÃO

Justiça é lenta e polícia prende errado

A polícia brasileira prende as pessoas erradas e a Justiça criminal é lenta: o resultado é que grandes criminosos articulam seus negócios na rua enquanto pequenos ladrões superlotam presídios. Para especialistas em segurança pública, essa é a principal justificativa para que o número de presos provisórios equivalha ao déficit carcerário, que só em 2012 cresceu 20%, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira.

Polícia brasileira mata cinco por dia e é uma das mais letais.Ao todo, 550 mil pessoas foram presas em todo o Brasil no ano passado, um crescimento de 7% na comparação com 2011. Enquanto isso, o número de presos esperando julgamento saltou 13%, chegando a 195 mil pessoas, quase as 211 mil vagas que faltam ao sistema prisional.

“As polícias enchem as cadeias com usuários de droga e pequenos traficantes e deixam de investigar casos mais graves, como latrocínio (roubo seguido de morte), homicídio, estupro, que só crescem no Brasil”, afirma o ex-secretário adjunto de segurança de Minas Gerais, Luis Flavio Sapori. “No Brasil se prende muito. E muito mal.”

Para o especialista, ainda que prendam mal, as detenções não são ilegais. “As prisões provisórias são necessárias, o problema é a lentidão judiciária.”

Delegado e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Jésus Trindade Junior acha urgente a construção de novos presídios, mas a resolução do problema só virá “com uma grande reforma no sistema prisional e na Justiça, indissociáveis”.

“Não adianta só construir presídio. A Justiça tem de julgar, as polícias civil e militar precisam ser unificadas para concluírem todas as investigações”, diz ele. Já Sapori lembra o que acontece quando bandidos demais com expressão de menos se espremem em presídios: “Eles ficam perigosos e tomam o lugar de grandes traficantes, criminosos de verdade.”

Onde estão os presos

São Paulo é o Estado com mais presos no Brasil, são 195 mil pessoas. Bem longe aparece Minas Gerais, como 51 mil presos, seguido por Rio de Janeiro (33 mil), Paraná (31 mil), Rio Grande do Sul (29 mil) e Pernambuco (28 mil.)

Roraima, com 1,7 mil presos, é o Estado com menos detentos. Amapá (2 mil), Piauí (2,9 mil), Acre (3,5 mil), e Sergipe (4,1 mil) aparecem na sequência.

Matéria: Último Segundo

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